Ontem à noite na TVI24, ouvimos, preto no branco, um belíssimo exemplo de negócio ruinoso para o Estado (ou seja, para nós) na forma de uma Parceria Público Privada, que retrata a política seguida pelo anterior governo nestas questões.
Marques Mendes denuncia negócio de Paulo CamposAo contrário de muitas outras denuncias/revelações, temos nesta um nome concreto, uma figura associada a este contracto, a pessoa responsável pela celebração deste negócio: Paulo Campos, ex-Secretário de Estado Adjunto das Obras Públicas e Comunicações do Governo de José Sócrates e agora deputado do PS.
Caso envolve SCUT de Lisboa e do Norte
Marques Mendes denunciou um negócio feito pelo antigo secretário de Estado Paulo Campos e envolvendo o grupo Mota Engil.
Em causa estão duas concessões de SCUT, a da Grande Lisboa e do Norte, um negócio em que o estado português foi claramente prejudicado, segundo estimativas da própria Direcção Geral do Tesouro.
«Nestas duas concessões, que não eram SCUT, porque já tinham portagens normais, por isso não tinham nada de ser renegociadas, até ao ano passado o Estado não tinha receita, não tinha custo, não tinha prejuízo. Agora, tem receitas de 1,2 mi milhões, custos de 2,6 mil milhões, ou seja, um prejuízo de 1,4 mil milhões de euros. Isto ao longo de quase 20 anos, que é o tempo ainda das concessões», disse no «Política Mesmo», da TVI24.
«Eu diria que estamos perante um caso de polícia. Ou isto é muito bem explicadinho, ou é caso de polícia, porque isto não é servir o interesse público. Pode ser incompetência, desleixo, mas enquanto não houver investigação pode pensar-se que há promiscuidade e negociata pelo meio», vincou.
Por: Redacção / FC | 28- 10- 2011
Como é possível firmar este tipo de negócios, onde o Estado passa de uma situação sem custos para uma situação onde terá prejuízo durante largos anos? Que benefício tira o Estado deste negócio? Porque não se responsabiliza este (e outros) decisor pelos seus actos?
Mas a propósito das Parcerias Público Privadas, cujas primeiras se celebraram ainda no último Governo do agora Presidente da Republica, deixo abaixo, um gráfico que mostra o número de PPP's celebradas em cada Governo, bem como os custos associados às mesmas:
Como podemos ver, cerca de 91% do investimento (ou será despesa?), nas Parcerias Público Privadas foi empregue nos Governos de António Guterres e José Sócrates, com destaque para este último. Saliente-se que cerca de 13 mil milhões de euros foram investidos(?) nos anos em que a crise se agudizou.
E a propósito deste assunto, noticiava o Correio da Manhã, na sua edição de 22 de Outubro, que "A Direcção- Geral do Tesouro arrasa parcerias de Sócrates". O assunto, que foi manchete no jornal, explica que a DGTF elaborou, a pedido da troika, um relatório que revela que as parcerias público-privadas vão gerar um buraco superior a 15 mil milhões de euros. A despesa do Estado com essas obras é três vezes mais alta do que os cortes salariais acumulados na Função Pública e no sector privado em 2011, 2012 e 2013.
«O documento, a que o CM teve acesso, analisa 36 PPP e várias concessões de natureza diferenciada. E as conclusões não são abonatórias: "Os compromissos assumidos aumentam a pressão sobre as contas públicas no médio prazo, uma vez que os encargos brutos estimados apresentam valores em torno de 1% do PIB previsto para os próximos anos."
Ou seja: entre 2015 e 2018, quando a economia poderá estar ainda longe de um crescimento sustentável, os encargos com a construção de estradas, ferrovias, hospitais e outras infra-estruturas ultrapassarão os dois mil milhões de euros por ano.
Daí que, de acordo com a DGTF, "após considerar o valor dos proveitos previstos, o valor actualizado dos encargos líquidos é de 15 129 milhões de euros, aproximadamente 8,8% do PIB para o corrente ano".
O relatório frisa que as PPP do sector dos transportes se basearam em projecções para o volume de tráfego (carros/km e/ou passageiros, projecções de taxas de juro e rentabilidades dos projectos substancialmente optimistas, revelando-se desactualizados, especialmente face à actual conjuntura económica."»
Perante isto, como se pode ainda defender a governação de José Sócrates e julgar que o caminho que Portugal trilhava não nos conduzia ao abismo? Urge processar judicialmente todos os que assinaram contractos ruinosos e contribuíram para este estado de coisas!
Juntos por Trandeiras.