quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Reflexão sobre o período eleitoral Autárquico em Braga

Ola amigos Trandeirenses,

Recebemos um pedido de publicação de um texto, por parte de um cidadão, habitante em Trandeiras, que passamos a expor na integra. Trata-se de uma reflexão sobre o período eleitoral vivido, em especial, na nossa cidade e na nossa freguesia.

Na ressaca deste intenso período eleitoral vivido na minha estimada freguesia e cidade, aproveito este espaço para expressar e partilhar a minha reflexão sobre o mesmo.

Em primeiro lugar, transmitir os meus parabéns à lista do PS pela expressiva vitória no último Domingo. Tal como foi por eles pedido aos eleitores, de forma abusiva e ilegal em nome da Junta e da Assembleia de Freguesia, foi-lhes concedido um prémio por mais 4 anos de gestão, onde continuaram a deslumbrar os seus cidadãos com uma política exemplar, no rigor, na transparência e na sustentabilidade da gestão autárquica; apresentando uma mão-cheia de inestimáveis e profícuas iniciativas; inúmeras e originais actividades, com especial relevo para as de cariz cultural, educacional e social, que muito enobreceram a nossa freguesia e as nossas gentes; e obras que, de tão resolutas, eficientes e relevantes, proporcionaram aos habitantes desta freguesia uma qualidade de vida invejável. Tudo isto propagou a muitos dos habitantes a sensação de que, pouco ou nada mais poderia ter sido feito. Era, portanto, de esperar uma vitória da lista recandidata como a que aconteceu.

Contudo, devo admitir que eu não a esperava! Não estou com isto a dizer que tal vitória não seja justa ou lícita, apenas não a esperava! Talvez porque os meus olhos, por serem tão jovens, são necessariamente ingénuos e inexperientes, e não estão acostumados a ver a razão e a equidade das coisas!

Mas devo dizer que, acima de tudo, fiquei agradável e positivamente arrebatado e aturdido por ter tido a oportunidade de poder presenciar um exemplo vivo de convicção e determinação inabaláveis dos habitantes de Trandeiras e de Braga. Casos destes, apesar da evolução da democracia e educação em Portugal, são cada vez mais frequentes e, por isso, dignos de registo e louvor e perfeitos exemplos da enorme cultura democrática existente.

Pelo menos para mim, acho que é de distinguir e exaltar a firmeza de decisão e confiança de algumas pessoas que, independentemente do que acontece à sua volta ou lhes é proposto, dizem com inusitado orgulho: − “eu voto pela pessoa!”. Realmente, para quê perder-se tempo a reflectir sobre o que tem sido feito, ou sobre o que se pode fazer mais e melhor? Para quê analisar cuidadosamente os programas, as propostas e as ideias que são apresentadas? Para quê discutir e debater propostas e soluções alternativas, se com vanglória e simplismo “votam pela pessoa”? Como se fosse uma pessoa e não uma equipa a propor-se executar um projecto, como se fosse uma pessoa e não um projecto ou programa a ser o determinante das acções futuras.

Mas é igualmente necessário destacar e decantar duas outras características e qualidades apensas, que sobressaem desta descomunal e primorosa cultura democrática tão própria dos portugueses. Falo naturalmente da compaixão e do sentimento de recompensar! A eleição política não é, como muitos de nós erradamente considerávamos, o acto de eleger um grupo de pessoas que se propõe realizar um conjunto de acções, contidas num projecto, para dirigir e orientar os destinos de uma localidade, região ou país. Nada disso! O acto eleitoral é, precisamente, o momento exacto para recompensar aqueles que dedicaram vidas inteiras ao serviço do povo! É premiar todos os que estiveram uma vida inteira agarrados ao poder! É por isso que ouvimos várias vezes, ao longo destas últimas semanas, por esta cidade de Braga afora, à falta de melhores argumentos, muitos dizerem com terna misericórdia: − “São só mais quatro anos! É um prémio pelo esforço e dedicação!”. E é aqui, precisamente nestes momentos, que eu vejo como sou ignorante e inculto, no que a política e democracia diz respeito. Podíamos, desde já, ter um conjunto de acções e medidas que me proporcionariam a oportunidade de melhorar qualitativamente a minha região e, consequentemente, a minha própria vida, mas prefiro adiar tudo isto, pelo menos, mais quatro anos, para poder premiar e exaltar, quem trabalhou já muito tempo nesse âmbito e encontra-se cansado, desgastado e sem capacidade de iniciativa e, para além disso, não me oferece um projecto tão aliciante e inovador.

Pois bem, é verdade! Serão mais quatro anos, para os quais eu desejo, desde já, um bom, empenhado e eficiente trabalho, aos membros que fazem parte da MINHA Junta de Freguesia e Câmara Municipal, onde espero que possam continuar o seu desempenho, no melhoramento da qualidade de vida de TODOS os seus habitantes.

Termino, convidando TODOS os habitantes de Trandeiras a participarem com regularidade e activamente, ao longo dos próximos quatro anos, nas Assembleias de Freguesia, para poderem, também, contribuir de forma directa e efectiva para o desenvolvimento da sua terra e o seu bem-estar, uma vez que a cidadania não se esgota com o voto na urna.

Sei que até hoje pouco ou nada foi feito para estimular, ou sequer alertar, a população para a participação nas referidas Assembleias. Esta questão poderia ser facilmente ultrapassada com a divulgação e publicitação das Assembleias, através por exemplo, de um aviso na Igreja/Boletim Paroquial, ou através do boletim da própria Junta de Freguesia, se tal houvesse. Não me perguntem porque nunca houve o trabalho e o interesse de incitar as pessoas a participar nas Assembleias, mas compreendo perfeitamente a aversão a fazê-lo na Igreja. Trata-se, seguramente e segundo palavras dos próprios, de uma questão de não misturar a politica com a religião. É que realmente, vendo bem as coisas, uma Junta de Freguesia que faz questão de se representar no Compasso Pascal, que não tem qualquer tipo de pudor em utilizar fotos do Padre e da recuperação da Residência Paroquial na campanha eleitoral, que faz questão de salientar a ligação dos seus elementos a grupos corais e grupos católicos, seguramente consideraria que, fazer um aviso da realização da Assembleia de Freguesia na Igreja ou no Boletim Paroquial, era um claro abuso e uma mistura e conflito de interesses!

Texto de: Orlando Jorge Silva.
Subscrito por: António Miguel Ferreira, Ricardo Lopes e Rui Silva.



Juntos por Trandeiras.

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